. Indústria Calçadista . Exportações de calçados somam mais de US$ 900 milhões até setembro
Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, entre janeiro e setembro, foram exportados 90,63 milhões de pares, os quais geraram US$ 907,17 milhões, resultados inferiores tanto em volume (-16%) quanto em valores (-8,4%) em relação ao mesmo período do ano passado. O recorte mensal de setembro aponta para a exportação de 8,36 milhões de pares e US$ 84 milhões, quedas de 19% e 23,2%, respectivamente, ante o mês nove de 2022. Na comparação com os nove primeiros meses da pré-pandemia, em 2019, o setor segue positivo em 6,1% em volume e em 23,7%.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que, infelizmente, a queda nos embarques já estava “mapeada” pelo setor. “As exportações de calçados vêm caindo desde o início do ano por fatores macroeconômicos e também porque a base do ano passado é muito forte, então não existe nada de novo. No ano passado, não custa lembrar, tivemos o melhor resultado em 12 anos nas exportações de calçados. Em 2023, fatores como o retorno forte da China ao mercado, depois de rigorosas políticas de Covid Zero que atrasaram sua produção, a normalização dos preços dos fretes, o desaquecimento da economia mundial, em especial, a do nosso principal destino (Estados Unidos) e a alta da inflação têm prejudicado a nossa performance”, avalia. Segundo o executivo, nos próximos meses a queda deve ser menor, já que a base dos últimos meses de 2022 é mais fraca. “A estimativa da Abicalçados é de encerrarmos o ano com uma queda aproximada de 9% nos embarques”, prevê.
Ultrapassando os Estados Unidos como o principal destino das exportações de calçados brasileiros, entre janeiro e setembro, a Argentina importou 11,8 milhões de pares por US$ 185,36 milhões, queda de 11,7% em volume e alta de 27,6% em receita, no comparativo com o período correspondente de 2022. “A Argentina, apesar de todos os seus problemas, como o represamento de pagamentos e a grave crise econômica interna, é um mercado fundamental para o calçado brasileiro”, avalia Ferreira.
O segundo destino, com importante retração nas suas importações de calçados verde-amarelos, é os Estados Unidos. Enfrentando uma crise inflacionária, os consumidores norte-americanos vêm consumindo menos calçados. Além disso, o Brasil, que tem um market share de 1% daquele mercado, vem perdendo posições para os asiáticos. Entre janeiro e setembro, foram embarcados para lá 7,9 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 174 milhões, quedas de 48,4% em volume e de 35,7% em receita em relação aos registros do mesmo ínterim de 2022.
Na terceira posição entre os destinos do calçado nacional, apareceu a França, para onde foram embarcados 2,23 milhões de pares por US$ 42 milhões, quedas de 57,8% em volume e de 14% em receita na relação com o mesmo intervalo do ano passado.
Estados
Entre janeiro e setembro, o principal exportador de calçados foi o Rio Grande do Sul. No período, partiram das fábricas gaúchas 27,28 milhões de pares, que geraram US$ 418,2 milhões, quedas de 17,8% em volume e de 11,4% em receita no comparativo com o mesmo período do ano passado.
O segundo exportador do período foi o Ceará, que entre janeiro e setembro embarcou ao exterior 27,2 milhões de pares por US$ 200,88 milhões, queda de 13,5% em volume e incremento de 0,2% em receita na relação com o mesmo período do ano passado.
Apesar de registrar quedas tanto em volume embarcado (-26%) quanto em receita gerada (-17,7%), São Paulo segue como o terceiro maior exportador do produto no Brasil. Nos nove primeiros meses de 2023, as fábricas paulistas exportaram 5,93 milhões de pares por US$ 85 milhões.
Com resultado positivo em receitas no comparativo com 2022, a Bahia apareceu na quarta posição entre os estados exportadores de calçados. Entre janeiro e setembro, as fábricas baianas embarcaram 3,2 milhões de pares por US$ 66 milhões, queda de 9% em volume e incremento de 28,7% em receita na relação com o mesmo intervalo do ano passado.
Importações em alta
Ao contrário das exportações, as importações de calçados seguem em alta. Entre janeiro e setembro, entraram no Brasil 23 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 348 milhões, incrementos tanto em volume (+13,4%) quanto em receita (+28,2%) em relação ao mesmo período do ano passado. As principais origens seguem sendo os países asiáticos, que respondem por mais de 85% do total de calçados que entram no País.
Entre janeiro e setembro, o Vietnã embarcou 7,64 milhões de pares para o Brasil, pelos quais foram pagos US$ 170,44 milhões, incrementos tanto em volume (+26,8%) quanto em receita (+35,2%) em relação ao mesmo intervalo do ano passado. Na sequência, apareceram a Indonésia, que exportou ao Brasil 3,27 milhões de pares por US$ 65,6 milhões, incrementos de 43% e 42,6%, respectivamente, ante 2022; e a China, com 8,45 milhões de pares e US$ 39,17 milhões, queda de 3,7% em volume e incremento de 1,5% em receita.
Segundo Ferreira, o aumento das importações é potencializado pelo problema da isenção de impostos para remessas de plataformas cross border (e-commerce internacional) em produtos de até US$ 50. “A junção dos fatores trazem uma concorrência desleal e extremamente dura para a indústria brasileira de calçados”, comenta.
Em partes de calçados – cabedais, solas, saltos, palmilhas etc -, as importações de janeiro a setembro somaram US$ 20,9 milhões, 4,4% menos do que no mesmo período de 2022. As principais origens foram China, Paraguai e Vietnã.